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Teoria Musical X: Progressão Harmônica​

Hoje estaremos finalmente botando em uso os acordes estudados nos campos harmônicos. Esse será o ultimo post sobre teoria musical. Daqui em diante, começaremos com a série Harmonia Funcional, seguindo o métodos de Koellreutter com alguns insights de Kostka.

 “Antes que você possa começar a compor música tonal convincente ou aprender alguma coisa das análises harmônicas, você presisa aprender quais sucessões de acordes são típicas da harmonia tonal e quais não são. Por que algumas sucessões de acordes parecem “progredir”, mover-se em direção a um objetivo, eqnuanto outras tendem a divagar, a não preencher as nossas expectativas?”  (Stefan Kostka, Harmonia Tonal, pg.28)

Para descobrirmos como e onde encaixar cada acorde, é necessário saber a função que ele exerce em uma progressão (sequencia de acordes). Essa função é  o valor expressivo de cada acorde, e que depende da relação dos outros acordes da estrutura harmônica. Essa relação dos acordes com a tônica é chamada tonalidade.

Existem três tipos de funções que um acorde exercerá em uma tonalidade: tônica, subdominante e dominante. Essas funções são exercidas pelos acordes vizinhos de quinta: quinta descendente (subdominante) e quinta ascendente (dominante) em relação à tônica. São esses, também, MAIORES em uma tonalidade MAIOR e menores em uma tonalidade menor.

 

A tônica é a região de repouso da progressão.  Essa função é atingida pelo I, iii, vi no modo maior e i, III no modo menor.

A subdominante dá a sensação de movimento a progressão. ii e IV no modo maior,II°, iv, VI no menor.

A dominante transmite a ideia de afastamento que causa a tensão das cadências. V e vii tanto no maior quanto menor.

Agora, com a possibilidade de analisar a função de cada acorde em uma progressão, podemos realizar a análise harmônica de músicas tonais. Essas análises vão nos exemplificar como geralmente são aplicadas as funções na harmonia tonal, como os acordes se relacionam e quais as progressões mais usadas em determinados gêneros.

BOLO DOIDO,

Bm

Foi, foi, foi, foi, foi
G

Foi bolo doido
D

Foi… bolo doido
A

Sexta-feira tem de novo

O resto se repete encima da mesma progressão. Primeiro, temos que descobrir qual é a tonalidade para que a análise prossiga.

TONALIDADE MAIOR OU MENOR?

Geralmente, a canção começará no primeiro grau (I para tonalidade Maior e i para menor), mas nem sempre isso acontece. Se tomássemos Si menor como i, se trataria de uma tonalidade menor.
A característica do modo menor é seu caráter dramático, triste, melancólico… e não é isso que temos no Bolo Doido. A alegria é gritante e a empolgação é contagiante. Temos uma tonalidade maior. E então,  como analisar esse Si menor?

ACORDES RELATIVOS

A segunda lei tonal responderá essa peculiaridade. Mas até aprofundarmos-nos no método de Koellreutter, lembre-se do conceito de “relatividade”, aquele das escalas menores. Toda escala menor tem uma escala maior relativa, e vice-versa. Essa relativa está uma terça menor acima (para escala menor)/abaixo (para escala maior). Esse conceito também funciona para acordes.

O acorde Bm é o relativo menor de outro acorde, que se encontra uma terça menor acima. Esse é o acorde de D, Ré Maior. Isso quer dizer que, funcionalmente, esses dois acordes tem o mesmo valor. Os dois tem função de tônica, o que os diferencia funcionalmente é a nomenclatura tônica relativa (Tr) que damos ao acorde relativo. O mesmo poderá ser feito na dominante e subdominante, onde serão Dr e Sr.*


*É bom lembrar que essa é a nomenclatura no modo maior. No modo menor, as funções são exercidas por acordes menores, e por isso, grafados minúsculos; e seus relativos, que são maiores, serão os maiúsculos. ex: t tR s sR D (a dominante sempre é maior) e Dr.

ANÁLISE HARMÔNICA

Agora devemos prosseguir em descobrir a tonalidade. Se Bm tem a mesma função harmônica de D, e Ré Maior é um acorde Maior que poderia ser o I da tonalidade, vamos testar a progressão em Ré Maior.

Introdução – Serve para estabelecer a tonalidade. Nessa etapa, o Ré Maior já está se estabelecendo:

|Bm| D |-> vi    I
Tr  T

Verso/Refrão – Aqui entra a progressão que se repete até o fim. É uma progressão bastante usada no sertanejo, e é a mesma de EU QUERO TCHU EU QUERO TCHA, sei lá de quem.

|Bm| G | D | A | ->   vi   IV   I   V
Tr   S   T   D

AI SE EU TE PEGO, de Michel Teló.

B F#

Nossa, nossa

G#m E

Assim você me mata

B F#

Ai se eu te pego

G#m E

Ai ai se eu te pego

B F#

Delícia, delícia

G#m E

Assim você me mata

B F#

Ai se eu te pego

G#m E

Ai ai se eu te pego

E agora, qual o primeiro passo pra começar essa análise? Tonalidade. Maior ou menor? Alegre ou triste? Claramente alegre. Trata-se de uma tonalidade Maior, então pode muito bem ser o Si Maior que começa a canção. Deve-se estabelecer os graus da progressão em relação a essa tônica, e depois fazer a análise funcional desses graus. Muito simples:

| B | F# | G#m | E | -> I  V  vi  IV
                               T  D Tr  S

Para dominar as progressões, deve-se analisar o maior número possível delas. Busque os acordes de suas canções favoritas na internet e realize a análise harmônica de cada uma. Experimente outras tonalidades na mesma progressão. Crie progressões novas e experimente no seu instrumento.

Esse foi o último post da série de teoria. De agora em diante, começaremos a série Harmonia, onde começaremos a por toda essa teoria em prática.

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