Se pararmos para olhar o universo à distância, veremos que em seus primeiros momentos ele era bem simples, era um espaço cheio de matéria, algo sem caracteres ou características. Era o que na mitologia Hindu se chama de “Turiya” – palavra que descreve algo como “sem atributos”. Leva tempo para ocorrer uma transformação em reinos mais criativos. A pré-condição para a criatividade é o desequilíbrio, o que os matemáticos atualmente chamam de Caos. Através da vida do universo, à medida em que caíam as temperaturas, surgiam estruturas compostas cada vez mais complexas. A partir do estado de fecundidade criativa, manifestava-se mais criatividade. O universo é uma máquina de fazer arte, um motor para a produção de formas cada vez mais novas de se estar conectado, e da justaposição cada vez mais exótica de elementos díspares.
Cada artista é uma antena para o Outro Transcendental. Enquanto seguirmos com nossa própria história para dentro disso e criarmos confluências únicas de nossa singularidade e sua singularidade, nós criamos coletivamente uma flecha a partir da história, do tempo, talvez até a partir da matéria, a qual vai redimir a ideia de que os humanos são bons. Esta é a promessa da arte, e sua realização nunca esteve tão perto do momento presente.
Nada yoga (नादयोग)
Nāda yoga (नादयोग) é uma cosmologia indiana ancestral. É um sistema filosófico, medicinal e uma forma de yoga. Os aspectos práticos e teóricos são baseados na premissa que todo o cosmos e tudo que nele existe, inclusive os seres humanos, consistem de vibrações sonoras chamadas nāda. Essa visão de mundo propõe que o vibrações sonoras em movimento manifestam o cosmos, e não matéria e partículas.
Nāda yoga também é uma maneira reverente de se aproximar e responder ao som. Nesse contexto, a música carrega um peso espiritual mais significativo, respectivamente, do que as propriedades sensoriais normalmente fornecem. Considera-se que o som e a música desempenham um papel de intermediar o alcance de uma unidade mais profunda com o cosmos externo e interno.
O uso de vibrações sonoras e ressonâncias também é usado para buscar efeitos paliativos em aflições psíquicas. A música tem sido usada pela maioria dos místicos na história como uma ferramenta importante e poderosa para a pacificação e conscientização.
Com sons contínuos, uma mente atenta e respiração consciente, o indivíduo pode, de acordo com Nāda yoga, "escutar" seu próprio "som interior", um processo introspectivo de sensibilização da consciência.
Concentrar-se nesse som interior como suporte para a meditação é muito útil para treinar a mente e. A aptidão do yogui em organizar e expressar os sons determina o nível de profundidade da meditação. Eventualmente, o som pode ser percebido como um dado elementar que vibra eternamente através do cosmos.
A grande essência vital indestrutível primordial (gdod ma'i mi shigs pa'i thig le chen po), que é a raiz ou base de toda a vida cíclica [samsara] e da paz perfeita [nirvana], é conhecida como primordial (gdod ma) porque não tem começo nem fim; como indestrutível (mi shigs pa) porque é indivisível; como essência vital (thig le), porque permeia as várias aparências; e tão grande (chen po) porque não há nada que não englobe. Existem inúmeros sinônimos para a grande essência vital indestrutível primordial, ..."som primordial" (nāda), "essência da iluminação" (sugatagarbha) e "sabedoria transcendente" (ela rab phar phyin, prajnā-pāramitā)
[Sheja Dzö: The Treasury of Knowledge, ཤེས་བྱ་མཛོད]
Sri Tyagaraja, grande músico, compositor e místico do sul da Índia, dizia que a música não é um alimento destinado apenas aos sentidos, porém à alma. Declarava que Moksha (liberação) é impossível para aquele que não possui música dentro de si!
A música cativa a mente, elevando-a as sublimes alturas do esplendor divino. Ela causa Laya (dissolução) da mente em Brahman, o Absoluto.